Nolo cheers

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Lígia Moraes de Campos

Lígia Moraes de Campos

Food Scientist, Researcher & Food Innovation consultant
Tempo de leitura: 3 minutes

As opiniões dos colaboradores do FT1 são somente suas

Rodada não, lifestyle

Bebidas em suas versões não-alcoólicas confirmam uma nova categoria

 

Você se lembra das super bem executadas campanhas da Ambev com a marca Skol ou  da seguradora Porto Seguro a respeito de consumo consciente de álcool? “Motorista da rodada” migrou da publicidade para habitar o vocabulário nosso de cada dia (ou melhor, noites). Ponto para a agência e para as marcas que ganharam relevância com o tema.

Não parece mas o tempo passou, estas ações já têm anos, a Lei Seca está completamente incorporada na nossa rotina e o Uber se tornou nossa melhor alternativa para uma reunião etílica. E com o tempo, o consumidor também mudou.

A decisão por não consumir ou consumir menos álcool vem ganhando adeptos progressivamente, levou a criação de novos hábitos – e, com eles – uma nova categoria: a “nolo drinks” (no or low content of alcohol).

Acompanhando o crescimento do mercado de Health and Wellness, importante observar que o consumidor que se interessa por saudabilidade não necessariamente está disposto a abdicar da diversão e socialização que estão culturalmente atreladas ao consumo de bebidas alcoólicas. Instala-se a necessidade de convivência do entretenimento e da saúde em um mesmo momento. Some a esta variável o advento do home office em pandemia, onde muitas vezes se perdem os limites físicos e mentais da separação entre trabalho e ócio em casa.

É preciso estar alerta, pode surgir uma chamada de trabalho às 21h de uma quinta-feira!

O isolamento social, mesmo motivo que inicialmente fez subir o consumo de bebidas alcoólicas (estar em casa) também agora contribui para baixá-lo e subir o volume das versões não-alcoólicas (trabalhar em casa).

O interesse do consumidor por bebidas de baixo, ou tendendo a zero conteúdo alcoólico, vem ganhando relevância principalmente entre as gerações mais jovens que lideram a tendência. A ocasião de consumo deixa de ser em uma específica. O antigo “motorista da rodada” para ser um lifestyle, uma preferência, um hábito de compra. Em alguns mercados se associa inclusive com dietas restritas e emergentes, como o veganismo, vegetarianismo, plant based, etc., que não são muito amigas da embriaguez.

O “healthy drinking” motivou grandes marcas a lançarem propostas de fermentados e inclusive destilados em versões levemente alcoólicas, como as hard seltzers, hard kombucha e semelhantes.

Em 2019 a Coca Cola Company também lançou a linha Bar Nøne de drinks engarrafados em versões AF (alcohol – free).

Aquela cerveja zero álcool insossa que nossos pais tomavam quando o médico proibia bebida alcoólica ou no churrasco de véspera da eleição é coisa do passado: não só nas versões em lata e vidro do varejo, como também para on tap do on premise.  Em Londres, na Inglaterra, a cervejaria Brew Dog abriu um bar exclusivo em versão AF.

 

Brewdog Old Street AF: The Bower, 211 Old St, London, UK

 

A tendência também é confirmada pelo case de Seedlip, primeiro destilado não alcoólico que conquistou espaço em bares, hotéis e restaurantes estrelados pelo mundo, a exemplo do The Fat Duck, três estrelas Michelin do chef Heston Blumenthal. A marca Seedlip chamou atenção e foi rapidamente comprada pela Diageo, gigante dos alcoólicos (e afins).

 

E os vinhos? Ficam de fora? Não. Não mesmo!

 

Apesar de o conteúdo alcoólico ser componente fundamental na estrutura sensorial dos vinhos (acidez – álcool – açúcar e, no caso de tintos, taninos), startups e foodtechs internacionais estão logrando exemplos interessantes de vinhos zero álcool.

Em suma, seja para os apreciadores de cervejas, vinhos, ou até mesmo bebidas brancas, como gin ou vodka, a categoria nolo se confirmou de maneira sólida e ocupa grandes espaços em gôndolas em mercados mais maduros.

Quer uma notícia boa? No Brasil, a categoria está ainda por nascer.

Existem apenas alguns lançamentos isolados mas que já despertam a curiosidade do consumidor e os olhos do investidor.

 

Suficiente argumento para repensar o portfólio, empreender ou inovar?

Eu, Lígia Moraes de Campos, Cientista de Alimentos e Consultora em Food Business – em parceria com Ana Carolina Bajarunas, CEO da Builders e Founder do Foodtech Movement, estamos juntas para ajudar neste processo.

 

Vem falar com a gente!

contato@buildersconstrutoria.com.br

 

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