O que está acontecendo agora fora do Brasil é mais disruptivo do que você imagina.

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Fabio Pando

Fabio Pando

• C.E.O. da Horizon Consulting. • Parceiro de negócios da Builders Construtoria | FoodTech Movement • Professor no MBA e educação continuada da ESPM.
Tempo de leitura: 5 minutes

As opiniões dos colaboradores do FT1 são somente suas

Em menos de uma década o setor de alimentos passou por transformações inimagináveis no começo deste século. Ninguém conseguiria imaginar que, um mercado já consolidado com um faturamento global de 4,5 trilhões de Euros pudesse ser virado do avesso com a chegada da tecnologia. Tudo mudou: de como os alimentos são projetados, implementados, entregues e como são consumidos, a próxima geração de empresários de tecnologia alimentícia está lutando por sua parte neste bolo, pois tudo está em aberto.

O financiamento para a tecnologia alimentar disparou e, de acordo com um relatório do Dealroom.co, a Foodtech criou 35 unicórnios em todo o mundo, com um valor combinado de € 169 bilhões, dos quais € 30 bilhões da Europa. Com todo este investimento, as FoodTechs decolaram.

Um dos desenvolvimentos mais interessantes na indústria de alimentos é a introdução de novas origens de alimentos. Vejamos a empresa finlandesa Solar Food, para ficarmos em apenas um exemplo. Eles produziram uma proteína rica em nutrientes, a Solein, com ar, água e eletricidade como seus principais recursos, atados a bactérias. A Solar Foods produz Solein extraindo CO₂ do ar usando a tecnologia de captura de carbono e, em seguida, combina-a com água, nutrientes e vitaminas, usando 100% de energia solar renovável. O produto final parece e tem gosto de farinha de trigo, com 50% de proteína e 5 a 10% de gordura e 20 a 25% de carboidratos. “A produção de Solein é totalmente livre de agricultura – não requer terra arável ou irrigação e não é limitada pelas condições climáticas”, disse a Solar Foods. E a melhor parte disso? Isso nunca vai acabar.

No Brasil os consumidores olham para as carnes Plant-based com curiosidade. Porém, nos EUA e Europa este tipo de produto que cresce a cada período, levando o mercado de varejo a crescer sobre períodos anteriores, e que atrai um público mais jovem, selecionado e com maior poder de compra, já não se trata de nenhuma novidade. Por lá, o que começa a surgir são os chamados alimentos cultivados em laboratório.

A carne cultivada em laboratório está lentamente se tornando uma opção alimentar alternativa. Há alguns anos, a Mosa Meat chamou a atenção do mundo ao anunciar o primeiro hambúrguer de carne cultivado em laboratório a partir de células de vaca. A empresa que é um spin-off da Universidade de Maastricht, introduziu a ‘carne cultivada’ na Europa e, agora, uma das mais novas empresas a entrar no mercado é a Higher Steaks. Usando técnicas modernas de cultura de células, a Startup britânica desenvolve carne baseada em células com potencial para usar 99% menos terra, 96% menos água, 45% menos energia e até 96% menos gases de efeito estufa, sempre com gosto de carne convencional.

A empresa utiliza células-tronco obtidas por meio de uma pequena amostra de sangue ou um adesivo cutâneo e protocolos patenteados, licenciados exclusivamente por seus parceiros universitários americanos, permitindo reprogramar células-tronco em tecidos como músculo e gordura. “Uma única amostra de sangue pode permitir a produção indefinida de muitos produtos à base de carne”, afirma o site. Em todo o mundo, a demanda por carne limpa está crescendo consistentemente. Há a previsão de que suas salsichas de porco, produzidas pelo mesmo método chegarão ao mercado em 2021.

Um conceito muito interessante é a da Nutrino. A empresa trabalha com dados nutricionais e fornece aos usuários análises inteligentes e personalizadas de como seus corpos interagem com os alimentos que ingerem. Ao usar o aprendizado de máquina e a inteligência artificial, a plataforma da Nutrino coleta, processa e analisa dados de alimentos de seus usuários, os compara com o banco de dados nutricional sempre crescente e define um perfil nutricional individualizado, chamado FoodPrint. Ao conhecer seu próprio FoodPrint, você nunca mais questionará o que comer. A não ser naqueles dias que a pessoa decide de forma consciente, fazer o famoso “pé na jaca”.

Outra FoodTech interessante é a Gousto, que fornece aos usuários 40 receitas semanalmente.  Este serviço de kit de refeições em casa oferece à sua porta ingredientes frescos com porções corretas, correspondentes a cada receita de sua escolha. Apoiado por uma ferramenta de recomendação de receita de I.A., cozinhar em casa nunca foi tão fácil. A Gousto estabeleceu uma meta ambiciosa de entregar 400 milhões de refeições equilibradas e nutritivas até 2025.

Esta outra FoodTech espanhola, pretende digitalizar as nossas cozinhas. Trata-se da Natural Machines, que introduziu no mundo uma impressora 3D de alimentos. A Foodini usa ingredientes frescos carregados em cápsulas de aço inoxidável para fazer alimentos como pizza, macarrão, quiche, panquecas ou brownies. Parecido com a forma que preparamos um café expresso em cápsulas atualmente. É importante saber que uma pizza de verdade não virá da Foodini, mas a massa da pizza será muito parecida com as que são preparadas por uma avó italiana. A Foodini simplesmente gerencia as partes difíceis e / ou demoradas da preparação de alimentos feitos à mão que muitas vezes desencorajam as pessoas de cozinhar em casa, ou seja, ela faz o trabalho sujo e você fica com a parte divertida de cozinhar.

Ainda não acabou. Tem mais coisa nova acontecendo. Imagine uma garrafa, uma refeição. Esta é um novo conceito na Europa. A FoodTech Feed garantiu isso. A startup francesa introduziu uma refeição nutricionalmente completa e conveniente, embalada em uma garrafa, contendo a quantidade certa de proteínas, gorduras essenciais, carboidratos, vitaminas e minerais. Todos os nutrientes que o corpo precisa. Basta adicionar um pouco de água, agitar um pouco e beber. Os produtos são veganos, sem glúten, sem lactose, sem OGM e sem nozes e vem na forma de barras nutricionais (100g), bebidas (500ml), misturas de bebidas e outros produtos.

Como um dos pioneiros do conceito de restaurantes Ghost, ou restaurantes-fantasma, a FoodTech Keatz está em funcionamento graças à popularidade contínua das plataformas de entrega de alimentos. Atualmente, opera um total de 10 restaurantes virtuais em Berlim, Munique, Madri, Amsterdã e Barcelona, com foco exclusivo em alimentos feitos para entrega, com gasto e tempo mínimos de capital. A ideia deles é bastante simples. Por que você deve fazer compras e gastar tempo cozinhando, se consegue uma ótima refeição em 20 minutos? Vivendo em uma sociedade sob demanda, os consumidores esperam obter o que precisam sempre que querem e onde querem. Comida não é exceção a isso.

Você sabia que 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são desperdiçadas a cada ano, causando um enorme prejuízo ao planeta? Ao mesmo tempo, a fome continua sendo um dos desafios de desenvolvimento mais urgentes do nosso tempo.

Felizmente, os consumidores estão se tornando mais conscientes do meio ambiente e, agora, eles têm tecnologia para ajudá-los a distribuir as sobras. Isto é o que a FoodTech Karma está fazendo. Ajudando restaurantes, cafés e lojas a distribuir seus alimentos excedentes aos usuários do Karma, que compram alimentos pela metade do preço ou menos. Ao criar uma plataforma compartilhada na qual clientes e fornecedores de alimentos coexistem e se beneficiam, a Karma encontrou uma solução eficaz para lidar com a questão do desperdício de alimentos. Uma situação ganha-ganha. Até agora, mais de 550 toneladas de alimentos foram resgatadas e contadas… Good News!

Sim, o mercado de tecnologia em alimentos muda a cada dia, de forma muito rápida. Felizmente você tem uma ferramenta de fácil acesso e que te mantém sempre atualizado no que diz respeito às FoodTechs e muito mais. Chama-se www.buildersconstrutoria.com.br. O primeiro canal brasileiro dedicado ao tema. Aproveite.

* Fabio Pando

CEO da Horizon Consulting, professor do MBA da ESPM e parceiro de negócios da Builders Construtoria. Escreve periodicamente no FT1.

 

 

 

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