O NOVO LINGUAJAR DA INOVAÇÃO

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Fabio Pando

Fabio Pando

• C.E.O. da Horizon Consulting. • Parceiro de negócios da Builders Construtoria | FoodTech Movement • Professor no MBA e educação continuada da ESPM.
Tempo de leitura: 4 minutes

As opiniões dos colaboradores do FT1 são somente suas

 Muitos executivos têm muita experiência de um mundo que não existe mais.

As empresas falham não apenas por fazer coisas erradas. Algumas acabam também por fazer coisas certas durante muito tempo. Explico. Algumas empresas atingem seu ápice por meio de estratégias bem concebidas, produtos diferenciados, marca admirada, política de preços adequada e liderança inconteste. A partir deste estágio, dois caminhos se apresentam para a empresa: Continuar como está, ou mudar tudo, para manter as coisas como elas estão. A primeira situação é a mais comum, ou seja, no conforto de seus resultados positivos e liderança de mercado, seus executivos decidem manter a empresa na mesma situação e com a mesma estratégia vencedora, afinal como dizem, em time que está ganhando não se mexe.

Esta estratégia de manutenção funcionou bem até o final do século passado, mas no século XXI é a receita para o início da decadência.

Atualmente a situação é muito diferente no mercado. A velocidade das mudanças aumentou significativamente. Saímos de uma situação de evoluções aritméticas e estamos entrando na fase das evoluções geométricas. Nunca na história da humanidade, houve um cenário como este. Nosso aparelho cognitivo não consegue acompanhar tudo o que muda e acontece no mercado, nas culturas e em nossas próprias vidas.

Vivemos no mesmo planeta de todos os séculos anteriores, mas o mundo é outro. Em apenas uma geração o mundo se transformou totalmente. A tecnologia aliada a informação de dados, nos fez alterar o centro do mundo. Assim como houve a mudança de uma sociedade agrícola para o industrial, estamos na fase de mudança da sociedade industrial, para a sociedade da informação, onde os bens intangíveis passam a ter mais valor do que os tangíveis.

Neste novo e empolgante cenário virtual, as demandas, as habilidades e os comportamentos do corpo diretivo e de toda a estrutura da empresa devem ser outros. O modelo da estrutura hierárquica centrado na visão Comando & Controle já não funciona como deveria. Não dá conta de todos os desafios que o cenário atual pede e traz lentidão ao processo decisório nas empresas firmemente escoradas no conceito de comitês internos, onde todos dão palpite e ninguém toma decisão. Quando finalmente a decisão é acordada com todos, geralmente a empresa abriu mão de atender sua fonte de receita, que são seus clientes.

O problema não para aqui. Atualmente grande parte dos executivos estão desatualizados para lidarem com as necessidades atuais do novo mercado do mundo digital.

Vamos analisar a área de marketing por exemplo. A liderança destas áreas foi formada por cursos de graduação em meados dos anos 90, onde a internet comercial praticamente não existia, tão pouco empresas como Facebook (2004), Google (1998), Airbnb (2008), ou ainda eram recém-nascidas, como Amazon (1994), Ebay (1995) entre outros.

Mesmo com cursos de atualização, os executivos não tiveram a experiência em trabalhar com as demandas do mercado de um mundo digital.

Em alguns casos seus filhos entendem mais de assuntos como mídias sociais, crowdfunding, novos Apps, UX, MarketPlace… Ou ainda não conseguem ler as mensagens deles conversando com os amigos, como “grats”, “apols”, “srsly”, “LOL” entre outras.

Estes executivos que estudaram os 4 Ps de Kotler, tem agora que decidir a estratégia de sua empresa para o Google, Facebook, Twitter, WhatsApp, Instagram, Snapchat, Waze, Youtube, Linkedin entre inúmeros outros.

Em muitos casos ocorre um verdadeiro descasamento de competências, quando a experiência do executivo diz muito sobre um mundo que não existe mais e quase nada sobre o mundo atual. A atualização que sempre foi importante em qualquer situação, agora é questão de sobrevivência. O executivo que não se atualizar, será colocado para fora do mercado sem dó e de forma muito rápida.

Para ajudar os profissionais que precisam de atualização rápida, descrevo abaixo alguns dos novos termos do mundo digital e o que significam, em uma tentativa divertida de unir estes dois mundos: o das empresas tradicionais e as Startups. Não se assustem, porque em grande parte os novos termos significam releituras de situações que já existiam, ou como dizem, houve a “Gourmetização” dos termos. São eles:

  • Head de people:Responsável pelo RH.
  • Squads:…………………… Equipes multidisciplinares ou trabalho em células.
  • Prototipagem:………….. Teste de conceito ou Mockups, feitos sem capricho.
  • Pivotar:……………………. Mudança no modelo de negócio, quando o atual mostrou algum problema ou precisa de um novo caminho para dar certo.
  • Head of sales:…………… Diretor comercial.
  • Customer Success:…….. SAC + Pós-venda + Réguas de relacionamento com o cliente.
  • LABs, Innovation area:.. Pesquisa & Desenvolvimento.
  • Iterar com o cliente:…… Teste de produto ou conceito.
  • Empreendedor:…………. Dono de um negócio geralmente pequeno e frágil
  • Founder:…………………… Termo mais moderno de Empreendedor.
  • Serial Entrepreneurship:Dono de vários negócios. Geralmente com problema de foco.
  • C-Level:…………………….. Nível de diretoria, porém mais chic.
  • Booth Camp:……………… Cursos com conteúdos e palestras eventuais.
  • Time to Market:…………. Tempo para lançar um novo produto no mercado.
  • Techs:……………………….. Área de tecnologia. Começou com CPD, virou T.I. e agora é Tech.
  • Incubadora:……………….. Empresa que oferece um lugar e orientação técnico-financeira para uma nova empresa ficar enquanto não consegue ter receita suficiente para se manter. Geralmente ficam com um % da empresa incubada.
  • Aceleradora:………………. Pessoas jurídicas que supostamente deveriam ajudar as Startups a diminuir o tempo entre a sua criação e seu break even. Não raro dão baixo nível de atenção às Startups, oferecendo apenas instalações modernas, café e descontos em escritórios de contabilidade por exemplo.

Evidentemente que existem novas metodologias que ajudaram as empresas a terem um novo olhar sobre o mercado, como Customer Experience onde pela 1.a vez a empresa consegue ter uma visão de toda a jornada do cliente em suas relações com a marca.

Dizem que o diabo não é sábio porque é o diabo, mas porque é velho. Profissionais mais experientes no mercado, podem notar com a lista acima que vários dos novos termos são releituras de situações que já existiam, mas com um novo nome.

Porém é importante não menosprezar sejam os novos termos ou as novas empresas que chegam com diferenciais verdadeiros. Posso citar dois, que a meu ver são a essência de seu sucesso:

  • Modelos de estrutura bem mais flexíveis e menos hierárquicos que as empresas já estabelecidas.Minha experiência em projetos de inovação mostra que grande parte dos problemas que as empresas criam para seus clientes, a causa-raiz é o modelo organizacional, onde nenhuma área consegue ver o cliente do início ao fim, cada uma fica fechada dentro de seus objetivos e metas e ninguém olha para o todo, tornando a experiência do cliente muito irregular.
  • Agilidade:Nas novas empresas, ou Startups, os executivos são livres para tomar decisões e exercem isso diariamente. Certo ou errado eles decidem. Caso algo saia errado, eles corrigem rapidamente com novas decisões. Muito diferente das empresas tradicionais, onde foi tirado dos executivos a possibilidade de decidirem sozinhos. Todos os assuntos são decididos em comitês intermináveis com times multidisciplinares. O resultado disso é lentidão, frustração dos executivos mais seniores e insatisfação dos clientes. Algumas empresas começam a copiar os modelos das Startups, porém apenas no que é visível, colocando as pessoas para se sentarem juntas, chamando estas áreas de Squads, mas mantendo o mindset de comando & controle atual. Inevitavelmente dará errado. Mas isto é assunto para um novo artigo.

 

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